Irmãs voltam à Misericórdia das Caldas

thumb image site 2019-02-06 irmas scmcr jornal caldas06-02-2019 | Marlene Sousa | Jornal das Caldas (ligação)

Muita emoção e manifestações de carinho marcaram o regresso das irmãs da Companhia das Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo à Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha (SCMCR). O trabalho das irmãs com os idosos foi destacado pela capacidade e competência de “acolher, ouvir, escutar e aliviar o sofrimento”.

Foi no passado dia 2, no salão nobre do edifício sede da SCMCR, que foi realizada uma missa de celebração do retorno das Filhas da Caridade de São Vicente Paulo à instituição. “Este é um retorno muito esperado e que finalmente se viu realizado, marcando o regresso das irmãs a esta sua casa”, disse o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Lalanda Ribeiro.
As irmãs Margarida Martins (enfermeira de 75 anos) Maria Rosa Gil (enfermeira de 76 anos) e Maria da Glória Rodrigues (educadora de infância de 80 anos) estão a viver na Misericórdia das Caldas e a título voluntário estão a dar apoio aos idosos nomeadamente aos acamados, aos mais fragilizados e aos mais pobres que não têm visitas e estão mais sozinhos. Irão também colaborar na paróquia das Caldas, participando no coro, catequese e visitas ao domicílio. Em Abril próximo a SCMCR irá receber mais uma religiosa.
Há dois anos as irmãs Conceição Olival, Maria Rosa Gil e Josefina Pinto, devido à falta de vocações e ao número diminuto de freiras deixaram a Misericórdia das Caldas e regressaram às instituições da congregação. Foi em Dezembro de 2016, a primeira vez, em 71 anos, que a SCMCR ficou sem a colaboração de religiosas. Na altura ocupavam-se da enfermagem e apoio aos idosos e eram as responsáveis pela casa a partir das 18h00, altura em que fechava a parte administrativa.
Para Lalanda Ribeiro as irmãs sempre foram “consideradas o rosto da Santa Casa e como é uma casa de orientação cristã fazia todo o sentido que as religiosas regressassem”, salientou. Elas vêm “fundamentalmente assistir os nossos utentes na vertente de ouvi-los porque as pessoas quando chegam ao fim da vida precisam de alguém e as irmãs têm esse fantástico papel”, revelou o responsável. Destacou a assistência, nomeadamente durante a noite, porque duas religiosas sendo enfermeiras poderão “dar algum apoio”.
Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, a irmã Maria Fátima Veríssimo, superiora provincial da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, disse que a “Misericórdia das Caldas nunca ficou satisfeita como a nossa saída porque reconhecia o trabalho de acompanhamento dos idosos”. “Deus deu-nos força para regressarmos e é com muito orgulho que voltamos”, sublinhou.
Recordou que há dois anos não tinham “irmãs disponíveis” e as que estavam não tinham “capacidade para continuar”. Depois de uma reflexão profunda concluíram que há “religiosas mais disponíveis e mesmo com algumas fragilidades físicas e com alguma idade que poderão não fazer o mesmo, que era estar directamente nos serviços a fazer um horário de trabalho, mas a título voluntário, não remuneradas, fazer um trabalho mais pastoral de acompanhamento”.
Foi assim que surgiu o regresso das religiosas, que estão agora a dar apoio aos idosos. A superiora provincial destacou que as irmãs têm capacidade e competência para “acolher, ouvir, escutar e aliviar o sofrimento”. “Os que estão mais sozinhos num quadro doloroso de sofrimento, esses muitas vezes não se abrem a qualquer pessoa e quando vêem uma irmã, vêem Deus e abrem-se”, declarou. “Transformam a sua vida e até se reconciliam consigo próprios e com a sua família e aceitam o próprio sofrimento como vindo de Deus e isto é muito importante para o fim de vida”, adiantou Maria Fátima Veríssimo.
A irmã Maria da Glória Rodrigues chegou a fazer um estágio na SCMCR e está muito feliz por, depois de alguns anos, regressar a Caldas da Rainha. Ao JORNAL DAS CALDAS disse que está “sempre pronta para andar para a frente” e que está preparada para “fazer o que for necessário no apoio aos idosos e na paróquia”.