CATÓLICOS do OESTE | Da montanha para o Mundo, hoje aqui e agora

catolicos-do-oeste-e1480525558952A propósito dos trabalhos realizados por jovens para as Jornadas Mundiais da Juventude de 2016, em Cracóvia na Polónia, ressalta a ideia de que bem-aventurado é todo aquele que vive na esperança e na alegria, sem se deixar alterar por circunstâncias exteriores. Inseridas na magnífica catequese que é o Sermão da Montanha, as Bem-Aventuranças são o manual prático do caminho para o Reino de Deus. Foi o próprio Deus, feito homem, que o disse a uma multidão de famintos ávidos de saber, e que a Ele se foram juntando na montanha para escutar a Nova Lei.
Muitas vezes esquecidas, ou decoradas como mera cantilena, as Bem-Aventuranças são o “Como?” para se atingir a alegria messiânica futura. É uma mensagem de ontem, totalmente válida hoje e reveladora de um mundo melhor amanhã. Aponta o caminho para atingirmos o Reino de Deus, mas incitando-nos a fazer já hoje, aqui na terra, esse mesmo Reino de Deus. No Evangelho de São Mateus, no capítulo 5, nos versículos de 1 a 12, estão as Bem-Aventuranças que nos falam, e que muitas vezes não queremos escutar.
Falam-nos como devemos ser pobres de espírito. Não que isso seja algo de mau, ou revelador de pouca educação ou cultura. Não, pobres de espirito são os corajosos que por livre escolha tudo largam para seguir o Mestre, são pobres porque abdicam de tudo, que nada querem possuir, mas sim partilhar o que têm com os outros.
Falam-nos dos que choram, não porque Deus tenha prazer no nosso sofrimento, não. Os que choram porque veem os outros sofrer, ou porque sofrem com os erros que cometem. Isto só acontece a quem vive em comunidade, e não vive isolado em si mesmo tendo como fim último o seu próprio bem-estar.
Falam-nos dos mansos e da sua humildade em relação ao próximo. São os que privados dos seus direitos e bens suportam essa injustiça sem violência, não se resignam mas não cultivam o ressentimento para com o próximo. São os que nada tendo põe os outros em primeiro lugar.
Falam-nos dos que têm fome e sede de justiça, justiça de Deus e não dos homens. É a justiça de “quando o mau se tornou justo, quando o pequeno foi ouvido, quando o necessitado foi ajudado, quando o oprimido foi libertado”. A justiça que é salvação.
Falam-nos dos misericordiosos, os que imitam Deus. Não é uma esmola ou uma simples compaixão ou piedade, é agir sobre quem necessita aliviando assim a sua dor. É fazer, não é contemplar.
Falam-nos dos puros de coração, ou limpos. Os que são leais e agem com intenção sincera e pura, os que afastam de si a maldade e as segundas intenções nas ações com os outros.

Os que agem para os outros como Deus age connosco.
Falam-nos dos que promovem a paz. Não é apenas a ausência da guerra, vai mais além, é a harmonia total com os outros, consigo mesmo e com Deus. É o bem-estar total com todos e com Deus, perdoando de coração sincero, suportando os conflitos, não excluindo ninguém.
Falam-nos dos que sofrem perseguição por amor da justiça, deixando bem claro que seguir este caminho será sempre difícil, mas totalmente compensado na felicidade comum aqui na vida terrena e depois no Reino de Deus.
Falam-nos que por causa Dele seremos insultados, perseguidos, e mentindo dirão todo o mal contra nós. É a súmula desta catequese, avisando-nos, mas impelindo-nos a seguir e a repetir o caminho dos discípulos hoje, aqui e agora.

Marta e Miguel Xavier 
Pastoral Juvenil
paroquiacaldasdarainha@gmail.com
Artigo de opinião publicado na Gazeta das Caldas na edição nº5231
Sexta-feira, 22 de Junho de 2018
Fonte: https://gazetacaldas.com/opiniao/catolicos-do-oeste-4/